Doses de Palavras
segunda-feira, 30 de abril de 2012
Novo blog/site/portfolio/apanhadodetextos!
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Metrôs, balés e cantores pop
"Tragedy", apagou e voltou a escrever: "TRAGEDY"
Parou por um momento. Não podia acreditar no que a amiga lhe contava. Ela caiu na cantada do James Blunt? E toda a magia inesquecível de receber recados do estranho do metrô? E toda a poesia do "você é bonita...". Espera, será que essa era a música que ele estava ouvindo, afinal? Escreveu só para deixar claro? Olhou incrédula para o café que estava tomando. Levantou o rosto e soltou:
- ...It's true".
domingo, 4 de dezembro de 2011
Roteiros: Barri Gotic
Observe os detalhes das casas super antigas, as bandeiras catalãs penduradas nas janelas, o chão de pedra.
Detalhe de muro no Bairro Gótico |
É possível chegar ao bairro gótico a partir da Plaça Catalunya e evitando a famosa rua dos "artistas e flores". O jeito é descer pela Carrer Portal de l'Ángel (o shopping a céu aberto). Assim, você estará a poucos passos da Catedral de Barcelona - super central.
Interior da Catedral de Barcelona |
Adentrando pelo Barri Gotic, é capaz que você encontre a praça Sant Felip Neri. Tranquila - caso não seja horário de saída ou entrada das crianças no colégio que tem ali - ela pode até ser chamada de um "reduto de paz" naquele bairro: o que contrasta claramente com o seu passado.
Horário de saída da escola, na Plaça Sant Felip Neri. Ao fundo, muro com marcas de fuzil |
A Plaça del Rei também fica por ali. Em uma das casas que a circundam, há um bar. Ele fica no segundo andar, subindo a escada estreita. E é fantástico. Para quem gosta de jazz, vale a pena conhecê-lo. É o Pipa Social Club.
Caminhar pelo Barri Gotic também é encontrar as ruínas romanas. É tomar um chocolate quente na rua Petritxol. É acompanhar rodas de sardana, a dança típica catalã, na Plaça Sant Jaume.
Plaça Sant Jaume, durante Dia de Santa Eulália, a padroeira da cidade |
É deparar-se com o passado, em eterno contraste com o presente.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Roteiros: Plaça Catalunya, Portal de l'Ángel e Las Ramblas
A Praça foi o centro de protestos durante a AcampadaBCN, movimento que uniu milhares de jovens na Espanha a favor de uma democracia decente - algo que já vinha se espalhando pela Europa.
Reunião em um domingo durante a AcampadaBCN |
"Árvore dos Desejos" |
El Corte Inglés, na Plaça Catalunya |
![]() |
Carrer Portal de l'Ángel |
![]() |
Loja H&M do Portal de l'Ángel |
Paralela ao Portal de l'Ángel, você encontrará as Ramblas. Quem nunca viu uma foto dessa rua que atire a primeira pedra. O quê? Você nunca viu? Tá aí:
![]() |
Las Rambras |
![]() |
Homem assustador nas Ramblas |
domingo, 13 de novembro de 2011
Roteiros: Passeig de Gràcia
Vista do Paseig de Gràcia a partir da Casa Batló |
Se tiver pique, a dica é ir a partir do Parc Güell, descendo pela Gran de Gràcia e seguindo desde o começo do Passeig. Preste atenção nas varandas encantadoras dos edifícios, nos modelitos fashion das barceloninas que desfilam por ali, e fique preparado: quando perceber uma aglomeração na calçada, olhe para cima que algum edifício do famoso arquiteto lhe esperará.
La Pedrera |
A Casa Milá (ou La Pedrera) fica à mão esquerda, se você estiver descendo. Entrar nela sai 14 euros, mas você terá o privilégio de conhecer uma das coberturas mais famosas da cidade. Preste atenção no tamanho das portas principais: por elas passavam cavalos e carruagens.
La Pedrera |
Casa Batló |
Detalhe do telhado da Casa Batló |
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Roteiros: Parc Güell
Entrada do Parc Güell em um dia ensolarado: prepare-se para a multidão |
Detalhe das xícaras |
Símbolo de Barcelona |
Pedra sobre pedra e... Tcharán! Uma mulher. |
Casa do Gaudí |
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Roteiros: Avenida Gaudí e Sagrada Família
Sagrada Família a partir da Avenida Gaudí |
É incrível ver como a obra do Gaudí vai aumentando aos seus olhos a medida que você se aproxima dela, e o quão grande ela se torna. Vale a pena visitar o interior (cujo teto foi fechado recentemente), mas cuidado com as filas, que são absurdas. Se não tiver tempo mesmo, esqueça. Só de ver por fora você já se encherá de beleza - e de informações.
[Vou começar uma série de posts feitos sobre Barcelona. Vão ser dicas de roteiros, bares, e assim por diante. Espero que sirva para algum sortudo que esteja com viagem marcada para aquelas terras!]
Ponto de vista
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Les Borges Blanques
- Caraca, você sabia que eles tem um azeite super bom?
Me perguntaram. Sei. Desde que nasci ouço isso do meu avô. "O melhor azeite do mundo". Já tive uma discussão ferrenha com uma amiga italiana que dizia que os melhores azeites vinham da bota - e da Grécia. É melhor porque você acha que é melhor. Mas tudo é relativo... Ela também dizia que o melhor café, o melhor macarrão e a melhor pizza... Tudo vinha da Itália. Eles têm essa mania, mas nós, paulistanos, sabemos que nessa última, ganhamos. E como sabemos!
Se bem que eu não gosto muito de achar que o melhor-do-mundo é meu, não. Afinal, é melhor por estar acostumada a isso. Mas o melhor pode ser o outro. Ai, é tão bom saber que o outro pode ser melhor. Sabe essa história de não ter a responsabilidade? Às vezes dá um alívio...
Voltando à cidadezinha. Uma praça: Terrall. Ah, o Terrall. Quantas vezes não ouvi esse nome. É um lugar bem normal, para falar a verdade: com patos nos lagos e velhos nos bancos. E como há velhos! Acho que o homem mais rico da cidade é o fazedor-de-bengalas. Só o irmão do meu avô anda com duas...
Além dos azeites, têm as azeitonas. Afinal, se são elas as responsáveis pelo tal-do-óleo, nada mais justo terem seu momento de fama. E além dos azeites e das azeitonas, que estão na mesa, tem toda a familiarada em volta dela. E quantos são! Variam de 93 anos aos 3 meses de idade. Essa é a faixa etária. Parece até mentira quando digo. A mais novinha, gorducha, nem imagina o que-fala-essa-gente. E como falam... Falam das suas buchechas, Margot!
De repente, o relógio começa a tocar. É uma hora qualquer: nem inteira, nem quarto. "Ele está aposentado, faz o que quer, na hora que quer. É por isso que eu gosto dele". Aposentado e centenário. Quantos já não ouviram o toque desse relógio. Quantas vezes ele já bateu.
Tem também os remédios. Cada parente vem com um diferente. Rimei de novo, droga, foi sem querer. O da vez é um efervescente (outra vez?), que está borbulhando sobre a mesa. Tenho a sensação de que as coisas aqui são vivas. As almofadas com bordado de rosas principalmente. E o tapete marrom com círculos de décadas passadas. Eu sei que eles têm história para contar.
Assim como o Josep, que repetia a de uma das suas netas: "Ela é pesquisadora e com 30 anos decidiu que não se casaria. Viaja, faz conferências, sabe línguas. E é feliz.". Seja feliz, me disseram várias vezes. "Sé ama de la teva vida i, sobretot, sigui humana". Ixi, meio que rimou.
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Polvorosa
O metrô estava lotado. Lotado de apenas duas cores: azul e vermelho. Espremidos, os torcedores não viam a hora de chegar à estação onde uma grande tela os esperava : Arc de Triomf. O nome do local não poderia ser mais condizente com a certeza que tinham sobre o jogo: eles triunfariam.
- Barça! Barça! Barça! - Tumulto em uma das portas do vagão. Em alguns segundos, entraram, gritaram e saíram. Mais um furto. Era a segunda vez em um dia que presenciava aquilo. Da outra vez, largaram a carteira vazia da vítima – um homem mais velho, com rosto vermelho de sol e chapéu na cabeça – no chão. Se não fosse um rapaz a devolvê-la, o turista estereotipado nem teria reparado.
Alguns metros acima, pessoas estavam aflitas com o que seria da suposta comemoração do time, horas depois. Sexta-feira já não tinha sido um dia fácil. Acordaram com policiais tentando desalojá-los com uma suposta “limpeza” da praça onde estavam acampados há dias. “É para tirar objetos perigosos para que não haja nenhum problema amanhã, quando o formos campeões”, diziam os homens munidos de cassetetes.
Uma limpeza regada a balas de borracha e violência. 120 feridos e a desordem trazida por aqueles que, teoricamente, buscavam a ordem. Se antes estavam todos organizados, separados em Comissões, com comida, remédios, computadores e tudo o que fosse necessário; agora o que se via era uma bagunça. Mas bastou que a polícia se retirasse para que ela fosse superada pela organização daquele pessoal que há dias estava acampado no coração de Barcelona.
Milhares de pessoas já estavam guardando seu lugar para assistir ao espetáculo futebolístico. Voltadas para o dito arco, conversavam, gritavam e bebiam. Sangria para cá, sangria para lá – mas sempre em garrafas de plástico (porque é proibido beber na rua com vidro).
Enquanto isso, em quantidade menor, mas em importância maior, centenas de pessoas discutiam sobre o espetáculo que havia se tornado a democracia. Em rodas, conversavam, cantavam, procuravam soluções para esse mundo que está cada vez mais de cabeça para baixo. Ok, também rolava uma cervejinha aqui e uma cervejinha ali. Os “paquis”, vendedores ambulantes, rondavam o local aproveitando a concentração para conseguirem mais um trocado.
De repente, alguém puxava um dos gritos do time. Todos seguiam. Uma câmera pairava sobre a multidão, movendo-se de um lado ao outro. Era impressionante como todos se exaltavam ao serem vistos por ela. O jogo começou.
15 minutos depois, todos continuavam aflitos. Já na Praça Catalunya, pontualmente às 21h, começava mais um panelaço. Pessoas tiravam suas panelas, caixas de metal, tuppewares, chaves ou o que quer que fosse para protestar. Palmas. Quem não tinha colher e frigideira usava as mãos – e só – para fazer barulho. Adiantava.
Gol. Chuva de vinho/cerveja/coisas não identificadas, palmas, vuvuzelas, buzinas. Cabelos e roupas encharcadas. Gol do Manchester. Silêncio. Gol. Gol. Vitória. Agora era a hora. A multidão preparava-se para ir em direção à Praça Catalunya, para comemorar na tradicional Fonte das Canaletas, que se encontra ali perto. Loucura. Desorganização.
Um bando eufórico, com bandeiras e hinos, se dirigia ao local. Expectativa. No dia anterior, após a fatídica manhã, alguém propôs em uma das assembléias para que o acampamento fosse deslocado à Plaça Sant Jaume, onde se encontram a Generalitat e o Ayuntamento, evitando assim os conflitos que trariam os torcedores. “Se continuarmos aqui, a polícia usará como desculpa o tumulto provocado por eles e tentará nos tirar daqui outra vez!”. A proposta foi bem-vinda, mas não executada. Eles resistiam ali. E esperavam o que seria.
Um helicóptero insistia em observar toda a movimentação. Mais uma vez, explosões. Agora, no entanto, não vinham dos tiros dos policiais. Vinham dos torcedores. A polícia estava presente. Enquanto fanáticos gritavam, bebiam, soltavam fogos; acampados faziam um cordão humano em volta da praça. “No violencia”, era o pedido geral que se lia em folhas sulfites seguradas por todos. Estavam sérios.
“Não vão entrar para dentro da praça, não tem como nos tirarem”, insistia em dizer uma menina, que estava sentada bem no centro da "acampada". A quantidade de pessoas apoiando o movimento parecia até maior. Os que não estavam ao redor da Plaça com seus cartazes, estavam sentados, conversando calmamente. Alguns dormiam – mesmo com os constantes ruídos das explosões. O cansaço era presente, assim como a certeza de que a luta tinha que continuar.
Mais de 130 feridos. Dessa vez, não eram os manifestantes: mas os próprios torcedores. Essa foi a quantidade de pessoas envolvidas em acidentes durante a comemoração da vitória da Champions League. O acampamento? Continuava ali. Firme e forte. Sem feridos. Resistindo.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Velha no metrô
Suas mãos trêmulas e cheias de manchas passavam página por página, com uma estranha voracidade. Seus olhos mareados e cheios de rugas denunciavam a tristeza das viagens que nunca fez.
Devia ter mais de 80 anos.
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Ares de Barcelona III - Lyon
Eles são atalhos escondidos entre as casas, que serviram como ponto de encontros clandestinos durante revoltas populares no século XIX e também como esconderijos. Existem mais de 500, mas apenas 40 estão atualmente abertos ao público. Com a ajuda da minha guia Mi, encontrei alguns deles...
Ares de Barcelona - visita de hoje: Lyon from alice agnelli on Vimeo.
[Ok, agora é oficial. A maioria dos vídeos não é de Barcelona, apesar do título que dei à série. Coisas da vida..]
quarta-feira, 6 de abril de 2011
quinta-feira, 31 de março de 2011
Pequenas notas sobre aqui - III
Você quer fazer um intercâmbio, viajar para uma cidade onde tenha muitas baladas e jovens de todo mundo. Onde? Barcelona. Não sabe falar catalão? Não é problema. Não sabe falar espanhol? Não se preocupe. Aqui todo mundo se entende. E quanto às aulas, algumas até são em inglês, olha só! (Isso se você se preocupa com elas, afinal, para que perder seu tempo em uma sala se você pode ir a uma superdisco à beira-mar?)
Barcelona é um dos destinos prediletos para os Erasmus, principalmente porque não é preciso conhecer a língua para vir para a Espanha. Sendo assim, a cidade fica cheia de intercambistas. Cheia mesmo. E muitos aproveitam a oportunidade só para festejar, curtir.... É um semestre sabático. Esse é o estereótipo erasmus: o aluno que não quer nem saber da cultura, da língua ou das aulas. O importante são as festas, as bebidas e as pessoas. E por mais que pareça um exagero, ele é real.
Aí o que acontece? Eles, os Erasmus, acabam se fechando em grupos - a maioria se matricula nas mesmas matérias e vão sempre às mesmas festas. Sotavento, Shoko e Opium são algumas baladas que se você não falar inglês, amigo, está por fora. Com isso forma-se uma bolha, onde o idioma comum é inglês e as festas são sempre próximas ao Paseo Marítim. Mas é uma bolha que dá para ser rompida... Afinal, existem sempre as exceções às regras. Santas exceções!
segunda-feira, 21 de março de 2011
Ares de Barcelona II - Fallas de Valencia
Fui com um grupo de amigos no sábado e ficamos até domingo. Novamente, o som da passagem não está muito bom (afinal, estou gravando com minha câmera fotográfica e.. Bem, era uma externa no meio da multidão. Dá pra entender, né?). As fotos da abertura foram feitas pela Eva, que é da República Tcheca, e pelo Michal, da Polônia. Quem está me filmando é a Anais, mon ami français.
Ares de Barcelona - visita de hoje: Fallas de Valencia from alice agnelli on Vimeo.
sábado, 19 de março de 2011
Pequenas notas sobre aqui - II
Estou fazendo aulas de economia e de sociologia. É incrível a diferença entre os alunos, os professores e também a forma de avaliação das matérias. Eu sei que isso também acontece no Brasil (tanto que dá para identificar de longe um feano e alguém da FFLCH), mas foi engraçado confirmar que, não importa aonde você esteja, grande parte dos estudantes de economia quando questionados sobre o "porquê-de-fazer-esse-curso", têm como resposta "para ter emprego/para ganhar dinheiro...". Isso quando têm uma resposta. Ai ai...
Quanto às aulas também são bastante diferentes. Enquanto as de economia são praticamente expositivas, as de sociologia sempre têm debates e mais debates. Se nas primeiras, os professores tratam os alunos como "mais um", nas outras - também por serem em menor quantidade - eles são chamados pelos nomes. Já a quantidade de trabalho é inversa. Ela é bem maior nas de sociologia do que nas de economia - que só tem uma prova no final do semestre (mas vai saber como será...).
terça-feira, 15 de março de 2011
Ares de Barcelona I - Museu de la Ciencia
O som não está lá essas coisas, nem a imagem está tão boa, mas se tiverem outros, garanto que serão melhores! Ah, e ele foi feito sem roteiro - então não liguem para minha super improvisação.
Ares de Barcelona - visita de hoje: Museu de la Ciencia from alice agnelli on Vimeo.
domingo, 13 de março de 2011
Pequenas notas sobre aqui - I
Depois, tem a questão do microondas. Graças ao bom deus, consegui que me emprestassem um para usar aqui em casa. O problema é que daqui 1 mês terei que devolvê-lo. E a dúvida é: oh, céus, como esquentarei minhas comidas congeladas?! Como aquecerei um copo de leite pelas manhãs?! Como?!
sexta-feira, 4 de março de 2011
Parlem catalá!
Para alguns, parece um francês falado por um português. Para outros, um espanhol misturado com francês; e, para muitos, simplesmente uma mistura de todos esses idiomas. Por ser uma língua românica, muitas palavras têm a mesma origem daquelas que são em português, em espanhol, em francês, em italiano... E gramaticalmente falando as estruturas também são bem parecidas.
Nós, que falamos português, nos sentimos em casa quando vemos nas lojas a indicação para o "caixa". Igualzinha. "Porta", "cadira", "data", "entrar", "vermell", "rosa" e "verd" são algumas palavras que, veja só!, aposto que você sabe o que significa. Foneticamente, os sons do "z" e do "j" são os mesmos que usamos no português - diferente da pronúncia que é dada no espanhol.
Para os franceses, fica fácil saber como se diz "janela" ("finestra" em catalão, "fenêtre" em francês) ou "sair" ("sortir", em ambas as línguas). Também dá para entender o que significa o "hi ha", uma construção equivalente ao "il y a" - que para nós seria o "há". Além disso, alguns pronomes são parecidos, como o "en". Já os italianos não têm problema quando querem "parlar" ("parlare") ou "menjar" ("mangiare").
Meu curs
Por duas semanas tive um curso intensivo de catalão, com duração de 40h. Oferecido gratuitamente pela universidade, acabou sendo não só uma boa introdução para o idioma como também uma ótima forma de conhecer outros intercambistas. Para se ter uma ideia, meus melhores amigos daqui - até agora - são os que eu conheci nas aulas.
A classe era pequena (tinha umas 15 pessoas), a professora bem atenta aos alunos e eu, por ter passado toda a minha vida ouvindo o catalão, era a melhor (tirei 95% na prova, oh yes, hehe). Para facilitar a aprendizagem, muitas vezes a Mercè, la prof., fazia comparações entre as outras línguas românicas.
Por exemplo, se notarmos a formação do gerúndio, temos:
Português___________ Espanhol____________ Catalão____________ Francês
_-ndo_______________ -ndo_______________ -ant_______________ -ant
Outro exemplo: em algumas palavras o "d", usado em português e em espanhol, vira "t" no catalão e no francês. É o caso de "dedo":
Português___________ Espanhol____________ Catalão____________ Francês
__dedo______________ dedo________________ digt_______________ dit
Mas, afinal, catalão para quê?
É possível viver tranquilamente em Barcelona sem dizer um pingo de catalão. Como (obviamente) o espanhol também é o idioma oficial, todos falam ambas as línguas - e até as misturam durante uma mesma conversa.
Conversando com uns amigos dos meus avós, eles mesmos notaram que possuem uma parcela de culpa ao fazer com que o idioma não seja "tão necessário" na capital da Catalunya. Eles contaram um exemplo bem simples, mas que deixa claro essa lógica de que "para serem educados, se adaptam ao idioma que seu interlocutor entenderá". Todos os dias, os dois vão à padaria. Pelas manhãs, as atendentes são imigrantes - e falam apenas o espanhol. Logo, automaticamente eles pedem por "pan". Quando vão durante às tardes, sabem que o atendente é catalão. O que eles pedem? "Pá". Simples assim.
Ao perguntar na rua alguma informação, por mais que você tente soltar uma frase ensaiada no idioma das quatro barras, a resposta vem em espanhol. Na cafeteria da faculdade, el mateix (a funcionária até tinha me prometido que falaria comigo só em catalão, mas logo no segundo dia estava falando em espanhol). Pero, ostres! Jo vull aprendre el catalá! - e ninguém entende como é possível alguém de fora querer aprender essa língua falada por só 10 milhões de pessoas. Doida.
Além disso, grande parte da população não é fluente no idioma - ou seja, não sabem ler, escrever, falar e entendê-lo. Isso porque durante a ditadura de Franco ele foi proibido - e acabou sobrevivendo clandestinamente dentro das casas.
Dessa forma, por um grande período as pessoas pararam de escrever - e também de ler - em catalão. Nas escolas, parou-se de ensinar a língua. E então, a porcentagem dos mais velhos que sabem colocá-lo no papel chega a 50% (enquanto o espanhol é 100%). Segundo dados que me mostraram em uma das aulas, a porcentagem dos maiores de 40 anos que entendem o idioma é de 95%; já dos que falam, 75%; os que leem, 75%.
Quanto aos menores de 40 anos, todos têm as 4 competências linguísticas - tanto em catalão, quanto em espanhol... Espero entrar nessa estatística!
Barcelona
Ela é possessiva. Sim, sim, muito possessiva. Quer que você seja dela e de mais ninguém, quer chamar todas as atenções para si, quer que todos a conheçam. Ela quase que não deixa você respirar, de tanto que pede: "olha pra mim, continua olhando...". Ela exige sempre sua presença e não cansa nunca, nunca descansa. Ela quer é que vejam sua beleza.
É, porque ela é muito bonita. Muito mesmo. E fotogênica. Isso faz com que qualquer coisa renda uma bela imagem. Tudo dá para virar foto, com ela.
Ela adora sair, adora conhecer gente nova - e é simpática. Bem simpática. Tão simpática que tenta falar em todas as línguas para entender a todos (e ser entendida). Isso faz com que tenha muitos, muitos amigos. E muitos amigos que a invejam.
Ela te cativa. Impossível não se apaixonar. Pergunte a qualquer um o que acha dessa menina. Algum elogio sairá, você vai ver.
Ah, danada, você me pegou de jeito.
domingo, 9 de janeiro de 2011
Ensina-me a viver...
Harold é um jovem de 19 anos, que vive encenando formas de morrer para chamar a atenção de sua mãe. Esta, por sua vez, está sempre ocupada - e nos últimos dias sua maior preocupação é encontrar uma moça para se casar com o filho.
Maudi é uma excêntrica velhinha que mora em uma casa repleta de quinquilharias "emprestadas". Nada a pertence - apenas a data de sua morte e um imenso amor pela vida.

Ambos são personagens de Ensina-me a viver, de Colin Higgins, agora em temporada popular (R$ 15 a meia) no Teatro das Artes. A obra é uma adaptação do filme homônimo, sucesso nos anos 70 e tem direção de João Falcão. Ela estreiou em São Paulo em 2007 e no ano seguinte ganhou o Prêmio APTR em Melhor Produção.
Com uma trilha sonora descolada (que inclui Beirut, por exemplo), a peça é um prato cheio para os olhos e, porque não (perdoem-me pelo clichê), para a alma. Seus efeitos luminosos, sua cenografia quase onírica, seu roteiro repleto de frases simples mas profundas e suas atuações incríveis a enchem de momentos encantadores. Daqueles que são capazes de colocar um doce sorriso junto a uma pequena lágrima no rosto da plateia.
Sombra e luz. Velho e novo. Morte e vida. Dicotomia. Ela, que permeia toda a obra, é o que explica a atração de Harold, interpretado por Arlindo Lopez, por Maudi, vivida por Glória Menezes. Afinal, enquanto um já havia morrido 17 vezes - logo em sua primeira cena aparece enforcado - não encontrando sentido em viver; a outra sabe que a morte se aproxima, então aproveita ao máximo os dias que lhe restam. Máximo com o mínimo. Poesia.
- Vale a pena, eu garanto - diz Maudi, sobre a vida.
Digo o mesmo sobre a peça.
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
O Cigarro de Celina
Minto, acho que ela não os olhava. E com certeza a perceberiam ali, parada, sozinha. Era tão linda... Aliás, naquele instante, provavelmente ela própria se admirava. Sim, seu olhar era profundo. Ouso dizer que se voltava para dentro de sua alma.
Parecia perdida em meio a um dia qualquer - que, por sua vez, se perdia entre tantos outros no calendário. Ela me fazia desejá-la.
Em sua imersão, sentia-me incendiado e dominado pela sensação de possuí-la. Pobre de mim. Ainda mais dela, Celina.
Nunca ouvira sequer uma palavra vinda de seus lábios. Deles saía apenas a fumaça proveniente de tragadas lentas, quase seculares, de um cigarro. Sua boca o beijava lentamente e cada vez que o tocava, mais o consumia.
Como eu queria ser aquele cigarro. Mesmo sabendo que, em questão de minutos, ela terminaria comigo. Não me importava. Precisava me aproximar daquela mulher de qualquer forma, sem contar que eu sabia que se estivesse próximo àquela boca, os segundos seriam eternos.
Ah, como eu queria ser aquele cigarro. Ainda que, depois, isso me transformasse em cinzas... Quem sabe assim, pudesse pelo menos sentir a respiração de Celina. Pudesse garantir a ela o prazer. Mesmo sendo ele vindo de uma tragada que culminaria em minha morte.
O cigarro diminuía em suas mãos. Olhou para os lados. Seus olhos, por um instante, se pousaram nos meus.
Olhou para o cigarro, pensou que precisava parar. Tinha que largar o vício. Não conseguia. Era assim. Sabia que desde seu primeiro, muitos outros viriam. Estava fadada a eles. Totalmente dependente.
Pisou-o com seu salto alto. Agora, não havia mais brasa.
Viriam outros, pensei. E com algum deles, quem sabe, eu.
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Glimmering, Glistening, banishing the darkest night
Foi o que me perguntaram. Eu, com essa mania de jornalista-sabe-tudo, óbvio que respondi: "Ah, sim!".
Pois é. Saí do show com a ligeira sensação de que precisava ter respondido "Talvez". Mas isso não fez com que eu passasse o tempo todo pensando "que podre, mais uma música que eu não conheço". Muito pelo contrário. Por quê? Porque elas são envolventes. Essa é a palavra. Ou melhor, algumas são até soothing. Não tem como reclamar.
Belle and Sebastian é capaz de nos abraçar. E esse abraço pode ser um daqueles de quando você está muito feliz, tipo o de quando vê alguém que você gosta muito. Mas pode ser também aquele abraço que te aconchega na fossa. E todos esses abraços são encontrados em uma música só - ou em várias, espalhados. Na verdade, é como se um monte de sensações se juntassem em uma melodia (ou em um show) para que, no fim, você saia se sentindo simplesmente... Bem.
Bom, o Via Funchal ficou repleto de meninas cujo traje vestido + meia calça + sapatilha era quase obrigatório. Tá, eu também estava vestida assim, mas foi sem querer, juro. Para os meninos, obviamente, camisa xadrez ou listrada. Apesar das 5 mil pessoas que a assessoria de lá afirmou, não achei que estava cheio. De jeito nenhum. Parecia até que estávamos todos... Sei lá, em casa. Bem acomodados.
Tanto é assim que o próprio Stuart Murdoch, vocalista, saía perambulando pelo local - ele não só desceu à pista premium como conseguiu chegar a nós, os mortais da pista comum (que empobreceram com o preço do ingresso, aliás). Ou então, ele chamava alguns fãs para subir ao palco. À propósito, um deles deu um show - dentro do show - com sua dança.
A banda e o público se aproximaram em diversas ocasiões. E algumas delas foram bem clichês, como na tentativa de puxar o coro da platéia em I'm not living (medo: eu estou ouvindo o set list do show e quando comecei esse parágrafo ESSA MÚSICA COMEÇOU A TOCAR) ou quando eles jogaram coisas para os fãs. (No caso, eram bolinhas de futebol americano autografadas, afinal, baquetas é uma coisa tãaao last season...).
Pensando bem... Acho que posso dizer que conheço, sim, a banda. Pelo menos agora eu até sinto como se fôssemos velhos conhecidos... Mas que, incrivelmente, conseguem se supreender a cada dia. Sabe?
[Deixo vocês com a música que fiquei esperando até o último minuto e... É, não tocou. (Quem sabe daqui a 10 anos)]
sábado, 9 de outubro de 2010
Cores
- Lilás. E cinza.
[E você pensou que eu ia dizer "rosa"...]
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Palavras-Chave
Estava fuçando as estatísticas do meu blog e concluí que vocês, meus leitores (se não for uma única pessoa), são meio doidos.
É sério. Dá uma olhada. Alguns chegaram procurando por:
- carta secreta com limao
- cheio de abella pe de uva
- como fazer a receita do simacol no mc
- como enfeitar teto com bexigas
- como mim firmar se ainda n. tenho casa
- como se escreve como eu queria estar do seu lado em france
Bom, a carta secreta com limão, elas acharam aqui. Isso de cheio de abelha com pé de uva eu não sei. Odeio abelhas.
Já como fazer a receita do simancol no Mc Donald´s provavelmente também foi uma busca frustrada - simancol está em falta em vários lugares, quanto mais no Mc. Serve a receita do nº 1? Essa eu sei: dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, picles e um pão com gergelim.
Para enfeitar o teto com bexigas você precisa de fôlego e altura. Só isso é suficiente. E bexigas, claro. Ah, e saber dar nó nelas. Sou mó boa nisso, se precisar de ajuda me chama (e não se esqueça de me convidar pra festa!).
Como se firmar se ainda não tem casa? Hm... Difícil essa. Ache alguém que tenha. Ou um abrigo, ou... Cara, você terá um dia.
E a última foi de partir meu coração. É a mais linda e romântica. E se você ainda quiser, pode vir (mesmo sem falar francês).
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Elementos
Me chamaram. Vi os dois deitados na grama, brincando com a cachorra. Ou melhor, estavam os três deitados no chão: eles e a cachorra. Felizes. Deitei no verde. Terra. Estendi minha mão. Acariciei o pelo macio, bege, lindo. Brilhante, ela brilhava de alegria. Ofegante. Eles não falavam nada.
Encostei minha cabeça nas costas de Pedro. Olhei para o céu. Estava estupidamente azul. Isso mesmo que pensei. "Estupidamente azul". Estava quente. E não gelado, como o estupidamente faz lembrar. Estupidamente gelada.
Calma. Senti uma tranquilidade imensa invadir meu corpo. Minha cabeça, meu peito, minhas pernas, eram tudo calmaria. Todos meus membros estavam feitos de ar. Minha mente flutuava.
Ao longe, bem ao fim do céu - se é que isso pode ser dito - uma nuvem branca surgia, grande, vindo em minha direção. Vindo em nossas direções. A cachorra percebeu, sentou-se, ficou olhando.
- Parece um porquinho-da-índia. Aquele que ganhei quando tinha seis anos, que só queria estar debaixo do fogão.
- Parece minha primeira namorada.
- Pensei ser eu sua primeira namorada, Alexandre.
- Não, Déia, você é a minha primeira namorada. Ele já teve várias.
- Agora está parecendo um coelho.
- Pra mim é uma águia.
- Uma lagosta!
- Nuvens só se parecem com animais?
Beijei-os.
Senti um pingo em minha testa. A cachorra levantou-se, saiu, deixou-nos sozinhos. Deve ter pensado que estava sobrando. Estava mesmo. Sem contar que para ela, uma nuvem deveria ser apenas uma nuvem.
Choveu. Choveu como nunca chovera. Agora eu era água. Encharcada. Do cabelo aos pés. Eles também, estavam empapados.
Entramos. Nos secamos, nos esquentamos. O tempo virou. A chuva trouxe o frio, mas cada vez ficávamos mais quentes. Fogo.
Terra.
Ar.
Água.
Estávamos completos. E éramos apenas três.
(Ok, quatro, se considerarmos a cachorra.)
sábado, 11 de setembro de 2010
Maria
Aliás, ela não curte muito esse programa não. Mas como todos, assiste. Outra coisa que não curte muito mas já viu pra caramba são aquelas comédias românticas, mas Maria se deprime sempre que acaba de vê-las, afinal, finais felizes nunca acontecem com ela - simplesmente porque nunca coloca um fim nas coisas, ou, quando coloca, dificilmente é feliz.
Ela é meio exagerada. E vive em crise. Ou com o trabalho, ou com a família, ou com os homens, ou com as vendedoras de loja. Estas últimas deixam Maria louca e sempre insistem que, ai, menina, claro que você cabe nesse número!. Aham, vai lá, experimenta e, ahá!, não entra. Então ela sai irritada, achando que está gorda.
Sim, Maria sempre acha que está gorda e se apavora quando vê celulite. Mas não se preocupe, ela vai começar um regime e vai entrar na academia... Segunda-feira.
É, Maria é um clichê. Aposto que você conhece muitas Marias por aí.
Isso se não for uma.