segunda-feira, 30 de junho de 2008

Estação


Atenção, atenção!

O trem já vai partir. Por favor, passageiros, dirijam-se todos para a Estação K-torze B (porque nós não gostamos de números - eles são frios e impessoais). Peguem suas malas, e deixem-nas em um lugar onde elas não irão atrapalhá-los. Crianças de colo devem aprender a andar e a cantar para deixarem de chorar.

Será servido rabanete com repolho àquelas que bem se comportarem - isso inclui risadinhas simpáticas, mesmo em momentos de agonia. Nosso serviço de bordo inclui, apenas para os adultos, suco de berinjela e tremoço ralado.

Corram, corram - que o tempo passa, o tempo voa, e a poupança Bameirindus continua numa boa. Peguem seu Dramin porque essa viagem promete: balançará vagões e corações. Em tempos de cego, quem tem um olho é caolho. Peço, então, para que não se afobem - há lugar para todos (ainda que seja junto às bagagens, às palhas e às madeiras que virarão carvão...não, vocês não virarão carvão - nem e fossem o Pinóquio, tranquilos, passageiros! Pelo menos por enquanto, eu garanto).

Vamos embora - olha a hora! Quem chegar por último é a mulher do sapo ou o homem da sapa (e vocês sabem que eles não costumam ser muito fiéis). Ou, também, pode ser a mulher do padre (leia-se: mula-sem-cabeça). Notem o machismo mundano que ameaça duplamente as mulheres atrasadas!! Não reclamem, meninas: sejam homens e engulam o choro. Eu disse pra engolirem o choro!

É tempo de rosas azuis e céus vermelhos. Ou melhor, não é tempo. Vamos logo, cresçam logo, peguem o trem - não vou dizer que é da vida, para não soltar um clichê, não tenho tempo para clichês!- que já está partindo!

sábado, 28 de junho de 2008

Aleatórios


(I)
dançou
girou
caiu
riu
!!
!

(II)
O chocolate com um nome impressionantemente condizente é o bis.
Impossível comer um só.
Espera. É chocolate ou salgadinho?


(III)

Tal mãe, tal filha

-Filha, você é muito teimosa.
-Eu não sou teimosa, não.
-É sim.
-Não sou!
-É.
-Não sou coisíssima nenhuma!

-Quantas vezes eu vou ter que dizer que você é sim?
-Mas eu não sou! Você que é muito repetitiva!
-Eu? Não! Você que é teimosa!
-Que droga, eu não sou teimosa! Você fica falando mil vezes a mesma coisa. E ainda fala coisa que eu não sou.
-Você é SIM, teimosa.
-Não sou. Repetitiva.
-Teimosa.
-Teimosa, não! Já disse!
-Teimosa e repetiviva.
-Você!
-Não, você.
-Você.
-Nós?
-Não, não e não. Eu não sou teimosa.
-Quantas vezes eu vou ter que repetir?
-Viu! Você que é repetitiva!
-Mas que teimosia!
-Que repetição...

domingo, 22 de junho de 2008

Tinta de Limão


Querido amigo secreto (e não digo aqueles que mudam a cada fim de ano e surgem nomeados em um papelzinho) que você sabe muito bem quem é,

Tenho uma coisa muito importante pra falar pra você. Acho que você sabe como funciona a nossa tática secreta de palavras invisíveis. Acho não. Tenho certeza. Você é tão inteligente quanto o Napoleão, papagaio da nossa vizinha que sabe cantar o hino da frança de trás pra frente e de frente pra trás. Sabia que outro dia eu o vi ensaiando o hino nacional? Mas ele se enroscou naquela parte...ai, agora eu não sei se era a parte de que de amor e esperança à terra desce ou se foi na do lábaro espelhado, ou estrelado, e do verde-louro da flâmula. O que é flâmula? Parece o nome de uma flor de pássaro. Ah, aquela parte com palavras difíceis que todo mundo finge que canta, mas ninguém consegue. Sabe? Eu até ia ajudar o coitadinho, mas como você viu, eu também não sei, então achei melhor ficar quieta.

Mas então, silêncio, hein. Ninguém deve saber do que eu vou te contar. É um segredo nosso. Entre mim e você. (olha como eu sou sabedora de falar direito o português! Você prestou atenção que a tia Andréia ensinou que as coisas só podem acontecer entre mim e não entre eu, né?).

Continuando. É mais um segredo - e esse não envolve as nossas descobertas no jardim do Alfredo e muito menos nossas conversas de fim de tarde. Também não envolve aquele vaso da sua vovó que eu quebrei sem querer. Quer dizer, eu te contei do vaso da sua vó Florência? Acho que não. Ah, tudo bem, agora você já está sabendo. E eu peço mil desculpas, porque naquele dia meu coração também ficou em caquinhos e nem deu pra colar com superbonder. Em compensação, eu colei meu dedinho. Lembra? Por isso que eu tava mexendo na cola. Você não percebeu?

Tá. Vão achar que é só uma folha em branco. Uma folha em branco, mas com palavras ácidas escritas especialmente para você. Você, que entende e gosta desse gosto cítrico (cítrico era o que tava dizendo a tv sobre aquele coiso de limão, acho que era o chiclete... e como minha tinta é de limão é também cítrico). Você, que ao contrário de mim, prefere as balas do mentos que são amarelas (e me adoça com todas as rosas).

Antes que eu tenha que cortar outros limãos (ou é limões?), deixe-me dizer logo o que eu vim contar para você. E acabar com essa enrolação. Se bem que eu acho que essa enrolação serve mais para me preparar. Porque eu tenho que tomar fôlego e suco de tangerina com bastante açúcar para isso. É o seguinte. Eu vou falar.

Lembra daquele dia que você estava brincando com o Zé, o filho da dona Lúcia, e o Luísinho? E eu estava com a Bi, a Má, a Lá, a Ká, a Patinha, a Rafa, a Déia e a Ju? E todas nós estávamos pulando amarelinha e corda e cuidando das nossas filhas? Aquele dia que a Má chorou porque a boneca dela tinha caído na lama e sujado o vestidinho, lembra? Aí a Rafa foi lá e brigou com ela porque disse que ela não podia chorar pra não assustar a filha dela? E eu nem sabia o que falar, nem o que fazer porque era um vestido novo o da filha da Má? Aí eu voltei e fui embora e fui pra casa e saí de lá?

Eu até te contei essa história. Lembra? Então.


Ai. Eu falo ou não? Vou falar porque tá acabando o suco e se minha mãe perceber que eu acabei com a limonada ela vai reclamar um montão e eu disse que eu ia falar uma coisa muito importante pra você e que era um segredo. E eu confio em você até que bastante.

Pois é. Naquele dia, eu acho que eu percebi, que eu prefiro muito mais de verdade brincar com você do que com elas. Pronto. Falei. Era isso.

Ass.: Euzinha

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Podre Perfumado


O mundo ao avesso expõe suas vísceras banhadas de sangue. Crianças desaparecem - roubadas, mortas, subnutridas. A infância evapora na tentativa prematura de fazer com que existam pequenos adultos, trabalhando, cobrindo rostos pueris com maquiagens ou pés número 28 com grandes sapatos que lembram a figura de um palhaço.

O circo pega fogo e não há bombeiros decentes capazes de apagá-lo: estão todos deitados, dormindo, embriagados com copos na mão frouxa. Copos que caem, e em cacos cortam os pés do menino malabarista do farol.

A política diz ser feita – mãos gordurosas sedentas pelo poder a comandam. Mãos corruptas capazes de, em uma dança hipócrita e repugnante, aclamar ao povo como são boas. Acariciam almas perdidas na sujeira debaixo dos viadutos.

A bala abruptamente rompe o silêncio. Rasga vidas e famílias. Famílias, aliás, inexistentes, pseudofamílias – fachadas sem comunicação. Pessoas não mais conversam, são isoladas individualmente em gaiolas de medos, obsessões, transtornos, pílulas, crenças individualistas, aparelhos de academias, bisturis e pinças.

O riso nervoso se confunde com a música gritante do caos das buzinas. O cheiro fedido do rio é como suco de cadáver da notícia dada no jornal popular (fédivé!). Vincos são formados em rostos aflitos. Rostos nervosos. Rabugentos, jovens tornam-se velhos. Esquecidos, velhos voltam a ser crianças. Crianças, estas, adultas. E os adultos, perdidos, orquestram a desordem.

Amigos não mais se encontram. Corações são dilacerados. Sonhos, rasgados e almas, comprimidas em vidrinhos etiquetados e, não podemos nos esquecer!, com códigos de barra. Ilusões viram loucuras. Relógios tictateiam. Mentes são ocupadas com preocupações. Pontos de interrogação terminam todas as frases.

Em meio a tudo isso, somos capazes de, com gosto, dizer como a vida é bela. Como ainda há esperança. Afirmar que nem tudo está acabado. Levantamos para mais um dia. Sorrimos ao sentir o cheiro do café prontinho. Abraçamos os conhecidos. Pedimos pizzas de frango com catupiry e programamos o carnaval. Reclamamos da pasta de dente que não foi fechada. Trocamos lâmpadas e fazemos disto uma aventura. Vivemos, vivemos, e vivemos. Como?


O que aconteceria...


se o anel de vidro que tu me destes não tivesse se quebrado?
se o gato em que você atirou o pau tivesse morrido?
se o boi tivesse pegado aquela menina que tem medo de careta?
se o pequeno bote dos indiozinhos tivesse virado?
se samba-lelê não tivesse a cadeira quebrada?
se o senhor capitão não tivesse um ginete na mão?
se papai não tivesse ido à roça; nem mamãe, trabalhar?
se a batatinha quando nascesse não tivesse se esparramado pelo chão?
se a borboletinha não soubesse fazer chocolate?
se o balão tivesse, sim, caído na minha mão?
se o coelhinho da páscoa fosse daltônico?

se o Doug não tivesse um diário, o Harry Potter um raio na testa, o Nino mais de 300 anos, o Arnold uma cabeça de bigorda e o Bob um triciclo?
se o cachorro de Tintin fosse um poodle?
se o Pernalonga não falasse "O que há, velhinho?"?
se as Tartarugas Ninjas enjoassem de pizza (ou se o Scooby Doo enjoasse daqueles biscoitinhos)?
se o Beackman (ou o Dexter) fosse um cozinheiro?
se o Pica-Pau não risse de forma engraçada?
se a Magali engordasse ou se o Cascão tomasse banho?
se a amiga da Ginger não fosse fanha?
se os produtos ACME não falhassem?

se a Branca de Neve não gostasse de maçã?
se o Pinóquio fosse feito de plástico?
se o Dumbo comesse tanto que não conseguisse se suportar?
se o sapato da Cinderela estivesse tão apertado e não caísse nunca?
se a Alice tivesse seguido um cachorro marrom e não o coelho branco?
se o Peter Pan não tivesse perdido sua sombra?
se a Ariel quisesse ser um peixe?
se o Alladin não tivesse esfregado a lâmpada?
se o Mufasa pudesse voar?
se o Kuzco virasse um esquilo, e não uma lhama?
se o pai do Nemo não o encontrasse?

[resposta: minha infância teria sido, no mínimo, diferente. E a sua?]

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Drive-Thru

(I)
-Um quarteirão, por favor.

-Para beber?

-Suco de maracujá.

-Algo para acompanhamento?

-Um amor de verdade que não ronque a noite; saiba cantar (pode ser no chuveiro); dance sem preconceitos; seja engraçado (mas não bobo); possua inteligência e saiba usá-la; não reclame de coisas à toa; cozinhe tão bem quanto a minha avó; fique bem humorado mesmo ao acordar cedo; abrace-me com freqüência (mas sem que eu tenha que pedir); goste de discos e livros; sonhe em dar a volta ao mundo; queira conhecer Bangladesh; tenha diploma universitário, carteira de motorista, dentes brancos de não-fumante, um filhote de labrador como bicho de estimação e uma família cheia de primos; goste de andar na praia com os pés na beira do mar; entenda minha TPM; brinque com as crianças do vizinho, mas não me troque por um video-game; passe sua própria roupa e que abaixe a tampa da privada.

-Desculpe moça, mas aqui é só o McDonald´s.

Saiu desiludida e besta com o que acabara de falar. Claro que aquilo era só o McDonald´s. O máximo que eles poderiam oferecer era um palhaço ridículo de cabelo vermelho e roupas amarelas. Pegou seu pacote, pagou, e resolveu ir para casa naquela noite vazia.


(II)
-Me vê um big mac.

-O número 1?

-Não, só com uma coca grande.

-Mas e para acompanhar?

-Alguém que não tenha dores de cabeça freqüente; faça caminhadas e trilhas; possua uma família não muito grande (incluindo tias não muito chatas e mãe agradabilíssima); goste de viajar; acampe sem medo de mosquitos; assuma suas responsabilidades; sinta ciúmes ao me ver com a secretária; entenda meu futebol às 4as e aos sábados; aprecie um churrasco; beba cerveja bem gelada; não peça só salada nos restaurantes; leia livros que não sejam de auto-ajuda; escute uma boa música junto com um vinho; faça macarrão que nem a minha mãe; trabalhe -mas nem tanto; tenha senso de direção, decote, simacol, mãos delicadas, meiguice, sorrisos pela manhã, bunda, sensatez; e não tenha muita vergonha, monólogos agudos, falas óbvias e fúteis ou grande compulsão por comprar; goste de nadar no mar sem pensar em tubarões; assine um jornal; beba café; não seja escandalosa a toa e que não pendure a calcinha no chuveiro.

-Senhor, aqui é só o McDonald´s...

Ele sabia. Sabia que era só o McDonald´s e se irritava com a obviedade que a atendente acabara de falar. Po, era só um desabafo. Até quando as pessoas não entenderiam as ironias? Até quando as perguntas mal feitas deveriam ter respostas diretas? Ela perguntou o que ele queria para acompanhar e ele disse. Ponto. Decidiu que melhor seria voltar para casa. E passar a pilha de roupa que o aguardava.

(III)

Entraram no hall e perceberam que os dois carregavam o mesmo pacote do McDonald´s. Olharam um para o outro. Deram um sorriso tímido. Era uma sexta feira sem graça, daquelas em que os amigos esquecem de combinar algo para se fazer depois do incessante dia de trabalho. Talvez por causa da correria da semana, dos inúmeros projetos, textos, deveres a serem entregues. Talvez por que os astros entraram em acordo para que fosse o dia-de-ficar-em-casa-vendo-tv-e-comendo-mcdonalds.

Ela começou a procurar sua chave na imensidão de sua bolsa sem fundo. Ele parou para observar. Nunca tinham se falado – caso haviam, os diálogos, provavelmente, não passavam do educado “bom dia, boa noite” ou da conversa-tema de elevador: “é, parece que vai esfriar”, “calor, né”, “ih, vai chover...”.

-Quer ajuda?

-Não, não...já estou quase conseguindo achar a chave...ah, está aqui.

-Você gosta de acampar? –perguntou ao notar que o chaveiro da moça era um pequeno canivete suíço.

-Gosto, quer dizer, gostava, sempre ia quando era mais jovem, adoro viajar. Por mim conheceria o mundo só com uma mochila nas costas.

-Iria até para Bangladesh?

-Lógico! Sempre quis ir pra Bangladesh. Nossa, por que você falou em Bangladesh?

-Que engraçado, eu não sei porquê, mas também gostaria de ir para lá. Estranho. Achei que fosse o único.

-Ahm...Sabe de uma coisa, você está com vontade mesmo de comer esse seu sanduíche-de-gordura-trans? Assim, porque pensando bem, eu agora perdi a vontade do meu quarteirão...queria fazer um macarrão. Tenho uma receita muito boa, aliás, eu cozinho bem...se você quisesse, a gente..

-Eu..eu tenho uma garrafa de vinho lá em casa, nós poderíamos também beber...

-Se você preferir, pode ser na sua casa. Quer dizer, eu pego os ingredientes aqui e levo.

-Eu tenho algumas coisas também, eu gosto de cozinhar. Provavelmente você não precisa de nenhum ingrediente muito raro, alguma especiaria da índia da época de Cabral, ou algo do gênero, precisa?

-Não, não. Se bem que, é melhor ser em casa mesmo. Depois suas panelas vão ficar sujas, e...ah, essa não é minha intenção.

- Você é que sabe. Na sua casa ou na minha?

Eles pararam por um instante. Olharam-se novamente. Riram. E decidiram.

Engraçado como os caminhos se cruzam, como coincidências acontecem e como situações inesperadas podem alegrar uma semana que caíra na rotina. Engraçado como um momento qualquer pode definir os dias seguintes. Ela descobriu alguém que abaixava a tampa da privada. Ele, alguém que não pendurava as calcinhas no chuveiro. E os dois, algo que nunca haviam descoberto.

Classificados

  • Vendo sonho de valsa; sonho de bolero; sonho de MPB; sonho de tango; sonho de bossa nova; sonho de forró universitário; sonho de rock alternativo e sonho de reggae.

  • Troco figurinhas do álbum da Copa do Mundo de 98 por brownies com nozes da Carol.

  • Rifo cafunés -baratinho!

  • Alugo um dia de companhia num gramado ensolarado. Preço/forma de pagamento a combinar.

  • Relíquia! Chifre de unicórnio encontrado em praia brasileira em 1996. Preço incrível!

  • Troco um dia de chuva sem graça por um dia de sol com graça.

  • Adoto pessoas carentes e revoltadas.

  • Procuro noite de sono sem roncos escandalosos. Recompensa-se!

  • Compro baboseiras, quinquilharias, máquinas de coca-cola quente e sem gás, churrasqueiras sem fumaça, amores perdidos, cachorros de agosto, etc.
[e você?]

domingo, 8 de junho de 2008

Futuro



Sem carros:
o mundo seria menos poluído;
o trânsito seria menor;
o petróleo viraria mais plástico;
as ruas seriam menos pratas e pretas.

Sem roupas:
as estilistas seriam extintas;
as praias seriam todas de nudismo;
as vitrines seriam só vidro;
o frio seria mais forte;

a pergunta mais solidária -ou a cantada mais manjada- seria:
"quer vir na minha garupa?"
já a dúvida mais cruel:
"caso ou compro uma bicicleta?"
(porque bicicletas estariam tão em alta que seriam o único sonho de consumo do mundo.)

bicicletas verdes, rosas, amarelas, azuis, pretas, brancas, prateadas.
com marcha, sem marcha.
até chegar ao modelo com escapamento, movido a gasolina e que viesse com roupa especial para o ciclismo.
e tudo voltaria como está.

[passeata em Madrid, ocorrida hoje, sábado -porque eu ainda não dormi então não é domingo-, contra o seqüestro das ruas pelos carros e a favor da recuperação do espaço urbano pelas pessoas.]