quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Carta a un tio, y a ti también


A ver. Hace tiempo desde que no te escribo. A lo mejor, ya no sé como escribirte. Si, eso es. Los días se pasan como noches sin dormir, las horas solamente desaparecen mientras intentamos vivir.

Pienso que es tarde, pero aún tenemos la esperanza, ¿no? ¿De qué? De salir por la calle, jugando a algo - la rayuela que está en el suelo, ¿por que no?

Porque ya no eres una niña, tonta. ¿Cuando comprenderás que en el mundo los que paran para nada - que en la realidad, es todo - se pierden en el otro mundo, y el real problema es que ése otro mundo es mil veces mejor (lo que hace más que difícil intentar volver al estado natural del mundo normal...)?

Eso es. Lo que nos falta. Ahora saldremos a bailar como si no hubiera problemas o imagínate que el vino aun no se ha terminado.

¡¿Que pasó con las luces de este cuarto?! Todas se parecen más oscuras... que hiciste, cabrón? ¿O fuiste tú, voluntad de dormir, que ha cerrado mis ojos?

Creo que una copa de café no seria mal. A lo mejor nos despertaría. No, pero no. No tenemos que usar cafeína para abrir nuestros ojos.

Tenemos que usarnos. Yo a ti y tú a mi. ¿Viste?

Ay, que no entiendes nada. A ver la actual crisis de que tanto nos decían. Si que estamos todos perdidos. ¿Pero que hacer? Paremos para pensar, algo que poco se hace actualmente.

Después de pensar, cantemos algo que alegre aquellos que ya no se sostienen por unas pocas notas.

Cantar, bailar y arriba y arriba, capitán.

Después vuelvo a escribirte, cuando el querer una horchata sea mayor que querer un zumo de graviola.

Mucho gusto a ti - persona que acaba de leer.

domingo, 2 de novembro de 2008

Sentidos Perdidos V


Já não aguentava mais as reclamações da mãe. Tudo bem, ela não poderia mais cheirar, cozinhar nem cantar parabéns para o marido, mas ele não sabia como acalmá-la e isso apenas o irritava mais.

Decidiu tomar um banho, o mesmo que havia planejado tomar horas atrás. Ligou o chuveiro. Ouviu o barulho da água. Mas não sentiu-a molhar seu corpo.

Tentou pegar o sabonete, em vão. Escorregava em suas mãos como nunca antes escorregara. Tornara-se um inútil.


Não entendia o que acontecia, mas sabia que não sentia nada. Nem o calor da água que deixara sua pele vermelha e o ar do banheiro extremamente nebuloso, nem as bolhas de sabão formadas enquanto este pulava pelo box.

Cansou-se. O banho estava irritando-o mais ainda. O que estava acontecendo? Não sentia! Pôs uma roupa qualquer, e, pela primeira vez, foi como se não estivesse vestido. Mas ao contrário da sensação de liberdade ao ter o vento acariciando-o, podia sentir apenas a angústia de não sentir.

Saiu de casa para encontrar aquela que sabia tirar qualquer problema seu. Aquela que ensinava a ele as coisas mais simples e lindas do mundo. Aquela que estupidamente o largara na noite passada.

Seus pés, acostumados ao caminho de sua casa, seguiram sozinhos. Sua mente, agora povoada de berros da dona Clotilde ("Ah! Eu vou morrer! Acabou minha vida sem meu nariz! Filho! Faça alguma coisa!") e por vapor de água quente, viajava por um caminho obscuro. Por mais claro que estivesse o dia.

- O que aconteceu?

- Como? O que aconteceu? Comigo ou com você?

- Conosco.

- Conosco? Como você tem a coragem de aparecer aqui depois de tudo que você me falou ontem? Depois do jeito que você me tratou? Depois daqueles milhares de copos de bebida a toa?! - como se não bastassem os berros da mãe, teve que ouvir o berros da garota. Realmente, aquele não seria o melhor dia de ressaca que alguém poderia ter. Não que dias de ressaca fossem bons...

- Eu falei alguma coisa? Eu fiz alguma coisa? O que aconteceu? Se eu falei alguma besteira foi por ter bebido demais.

- Você simplesmente falou que não sentia mais nada comigo.

Abraçou-a, mas seus braços envolveram o nada. Passou a mão pelo rabo-de-cavalo dela - nada. Olhou-a nos olhos, apertou seus corpos, um contra o outro, com toda a sua força. Acariciou-a, por um momento quase pensou ter sentido a leveza do tecido do vestido âmbar ao entardecer da moça. Ilusão.

Tocou os lábios secos de álcool do dia anterior àqueles que sempre o esperavam macios. Beijou-a em um beijo nunca antes tido. Pelo menos, nunca lembrara de ter um como tal. Era um não-beijo. Não tinha nada. Nada de nada nem nada de nada.

Largou-a num impulso desesperador. Realmente, não sentia. Seria falta de amor? Seria doença de cansaço? Seria tudo uma brincadeira de mal gosto ou um daqueles pesadelos reais?

- É. Acho que não sinto mesmo. Sinto muito.


Saiu irritado. Incompreendido. Ela, bateu a porta.

Sem sentido, viu-se perdido. Era mais um com um sentido perdido.