quinta-feira, 5 de março de 2009

Vício do Olhar

Repare bem: as ruas, as pessoas, as árvores, as cores, os movimentos - tudo está aí agora e só agora será visto do jeito que se vê.

Todos estão acostumados àquela rotina que se passa pelos mesmos lugares e se olha às mesmas coisas. A mesma árvore a fazer sombra, o mesmo paralelepípedo torto, a mesma rachadura na parede. Os cabelos, a roupa, as pernas daquelas mesmas pessoas.

Recusam olhar para o novo, o intocável, o desconhecido - e, justamente, quando é o novo quem os encara, desviam os olhos para encarar algo bem menos significante como o vazio do chão.

Uma mente, no mínimo, curiosa permite-se o luxo de se fazer turista na própria cidade. E faz desse o remédio para o tédio.

Bom é poder perceber aquela imperfeição no edifício em que se trabalha, o taco solto nunca antes pisado na sala, um tom de azul escuro no céu. Perceber bem o outro lado da rua. Deixar-se levar pelo olhar ingênuo e quase doce. Permitir-se encarar o desconhecido. Desfazer-se desse vício do olhar.

Arriscar-se e descobrir com a visão novas ruas, pessoas, árvores, cores e movimentos... Mesmo que estes ainda sejam os velhos conhecidos.

2 comentários:

Clara disse...

acho que melhor ainda é descobrir nas pessoas que já conhecemos pequenas surpresas e detalhes que antes passavam despercebidos!

é tão bom descobrir algo de novo em alguém ou em alguma coisa já tão familiar :)

Rafaela Carvalho disse...

Oi, mãe!