domingo, 9 de maio de 2010

Ser mãe

É difícil ser mãe.

Não digo isso pelos meses tendo que carregar um bebê na barriga, pelos enjôos que isso causa, pela dificuldade para dormir durante a gravidez. Não digo também pela dor de largar o filho no primeiro dia da escola, pelo desespero ao vê-lo cair - enquanto aprende a andar, pelas fraldas a serem trocadas ou pelos choros de madrugada. Não estou dizendo pelas noites mal dormidas, pelas olheiras, pelo cansaço do dia seguinte. Nem pela dificuldade que é pensar "será que estou criando meu filho do jeito certo?" ou pelas incertezas do futuro: o que será dessa criança.... Também não digo que é difícil ser mãe pela responsabilidade em protegê-lo, pelo medo de que se envolva com más companhias, pelo medo dos outros.
Ser mãe não é difícil por ter que aguentar aquilo que saiu de seu ventre brigando com você, cheio de espinhas na cara e razões na cabeça - rebelde. Nem pelo fato de ir a uma reunião de pais e perceber que o pior boletim é o que está em suas mãos. Não é difícil por ter que aguentar o quarto bagunçado, o som alto, as baladas de fim de semana e as tentativas incansáveis dos adolescentes em se fazerem de adultos. Não é difícil também por voltar a não dormir à noite. Também não é por falar e não ser ouvida. Por repetir e nada. Por repetir de novo e... Nada.
Ser mãe não é difícil por notar que o filho cresce, e, de repente, sai de casa, vai viver a própria vida, torna-se independente. Se casa, imagine! Não, não é difícil ser mãe só por perceber que ele já não precisa mais de mim. E eu estou ficando velha...
É difícil ser mãe porque mãe ama.
E ama um amor diferente do que o de qualquer pessoa. Um amor diferente de qualquer amor. Incondicional, eterno, ao qual não se pode escapar, por se estar condenado pelo resto da vida. Um amor doce, tenro. Um amor que só o olhar de uma mãe para seu filho pode demonstrar. Um amor que se torna o clichê de todos os clichês de amor, de tão forte que é.
E amar... Sim, querido, amar é difícil.

3 comentários:

Fontes disse...

Ainda bem que eu atrasei o presente de dia das mães, vou poder copiar esse texto (com os devidos créditos) e botar no cartão.

Mandou estonteantemente bem, Alice, como sempre. Você escreve melhor que muito escritor por aí.

Carol disse...

caramba, lice... chorei!
lindo demais!
cara, sou sua fã! beijos

Tulio Bucchioni disse...

licita!

da onde surgiu toda essa inspiração toda, heim? sentimento maternal brotando no peito já tão cedo?! hahaha...

ficou ótimo! seu estilo maravilhoso que venho buscar e encontro toda vez que venho aqui.

beeeijo!