Ele, definitivamente, não combinava com ela. Ele gostava de conta; ela, de palavras. Quando nervosa, ela se punha a escrever. Ele, a fazer exercícios. Físicos. Ela amava barrinhas de cereais. Ele as detestava - preferia sanduíches gordurosos e refrigerante. Ela não suportava o gás da bebida (e isso incluía da cerveja, coisa que ele vivia tomando com seus amigos).
Ela amava música brasileira. Ele odiava a fonética do português daqui. A letra dele era feia. Dela, bonita, caprichada e redondinha. Ele sempre, mas sempre mesmo, conferia o troco - ela, perdera várias moedas por não conferi-lo.
Se um lápis parasse na mão dela, rabiscaria em qualquer lugar. Ele o faria girar entre os dedos. Nunca ia ao cinema sozinha. Sempre. Sempre usava tênis. Nunca. Vinha de uma família grande, cheia de primos e era a irmã mais nova. Ele era o mais velho e nunca conhecera os avós. Quando pequena, adorava desenhar. Ele odiava aula de artes.
Exatamente humana. Humanamente exato.
Eles não tinham nenhuma afinidade em comum.
Nem amigos iguais.
Nunca, também, frequentaram os mesmos lugares.
Eles nunca se conheceram.
E viveram felizes para sempre.
[Você achou que eu terminaria com um "os opostos se atraem"?]
4 comentários:
Os opostos podem até se atrair, mas não duram muito tempo, vai... ;D
Achei ela meio parecida com você.
x)
Sabe que eu também reconheci essa garotinha de algum lugar?!
Incrível e leve...como sempre! Eu só consigo sorrir depois dessa leitura...
Adoro vc, Lice, porque vc sempre surpreende - positivamente, diga-se.
Que linda vccc! Que orgulho!
"Ela" me parece bem familiar, mesmo que eu não tenha te visto nesses últimos tempos.
Saudades amebinha =)
beijosbeijos
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